"O exercício do amor verdadeiro não pode cansar o coração"
Emmanuel


06 abril 2010

ANÁLISE: Chico Xavier - O Filme


Finalmente pude assistir ao aguardado filme sobre Chico Xavier, lançado na última sexta, 2 de abril. O longa acaba de bater recorde de estréia de público para o cinema nacional - cerca de 600 mil espectadores apenas no fim de semana. Daniel Filho, que estava cauteloso quanto a possíveis 1 milhão a 1,5 milhão de espectadores, hoje deve desconfiar, como os especialistas, que o número final de espectadores fique entre 4 e 5 milhões de pessoas.
Negócios à parte, deixo abaixo minhas impressões sobre o filme. Aqueles que já tiverem assistido, deixem seus comentários e opiniões.

A HISTÓRIA
O filme é baseado no livro "As Vidas de Chico Xavier", de Marcel Souto Maior, biografia de grande sucesso e de cunho jornalístico (existem muitas biografias dos próprios espíritas sobre Chico), que abrange toda a vida do médium. Num filme de 2 horas fica muito difícil mostrar com miudezas toda a extensão do livro, e, já no início do filme, o diretor meio que se desculpa por isso, registrando numa frase que é impossível mostrar todos os fatos da vida de um homem, mas é possível relatar sua trajetória.
E esta se inicia de modo muito original: a partir do programa Pinga-Fogo do qual Chico participou, o diretor faz digressões para diversos períodos de sua vida, daí sim, de maneira mais ou menos cronológica. Para quem é espírita e identifica desde logo seus principais personagens, é emocionante ver a aparição de Emmanuel e o desenrolar da história; para quem não é, fica uma solução satisfatória, que ao mesmo tempo aumenta a curiosidade sobre o que virá quanto introduz os principais personagens e fatos de modo bem conduzido.
Em tempo, quanto a história, talvez alguns confrades que conheçam melhor a história de Chico e do programa, verão diversas imprecisões de diálogos e nomes - quase todos no que diz respeito ao Pinga-Fogo - adaptando de forma meio novelesca algo que era simplesmente perfeito da forma original. Um sacrifício para tentar adaptar uma mídia a outra - do livro para o cinema.

OS ATORES
As atuações estão impecáveis. Embora Nelson Xavier faça o Chico na fase mais avançada da vida, mais conhecido do grande público, pra mim foi Angelo Antonio quem realmente fez Chico Xavier entrar em cena, com o olhar, o tom de voz e a aparencia. Nelson também está ótimo, mas a surpresa ficou por conta do Chico adulto jovem. O menino Matheus Costa também cumpre bem seu papel. A história do avião, que também faz parte do filme, retrata a história com fidedignidade, mas a atuação de Nelson nesse momento foi um tanto artificial, mostrando mais um ataque histérico do que de pânico...
O segundo núcleo da história, em torno do casal que perde um filho e busca ajuda de Chico, interpretados por Tony Ramos e Cristiane Torloni é de tirar o fólego. A atuação deles é realmente notável, digna dos melhores momentos do cinema nacional. A atuação deles é tão intensa que quasem desbancam o personagem principal - motivo talvez porque alguns críticos tenham dito que o filme retrate Chico de forma superficial, o que é realmente de se pensar diante da complexidade dos personagens do casal Ramos e Torloni.

A ATMOSFERA
O filme é um drama. Ninguem vá ao cinema como eu esperando duas horas de homenagens a Chico. Não. Fui surpreendido pelo clima tenso que o Chico menino viveu, que dá mesmo uma angústia kafkiana diante da porta do mundo invísivel, em que personagens bons e maus, ora de lá, ora de cá, transitam livremente. Belas tomadas e angulos de câmera aumentam o efeito da história sobre o espectador.
Os diálogos são ágeis e inteligentes, razoavelmente fiéis ao médium (com a salva já feita) com pitadas comicas que dão a dimensão humana de Chico. A questão da peruca e da sexualidade é abordada com o bom humor típico do grande Chico.

Mas para mim, as aparições de Emmanuel foram as mais emocionantes. Ele cadencia o filme, aparece em momentos chave e dá até um senso de continuidade nos laços às vezes frágeis que unem períodos tão diferentes da vida do médium. A cena final do querido Mentor com Chico - mas não vou contar - é simples e quase piegas, mas tão carregada de amor e amizade, que me emocionou de forma serena e profunda diante da grandeza das obras que o Amor pode construir.´

RESUMINDO: assistam ao filme. Não irão se arrepender....

Um comentário:

  1. Valeu pela análise, Júlio.
    Em breve pretendo ver o filme ainda no cinema, muitos falando bem e batendo recorde, mas realmente colocar tudo que tem no livro é impossível mesmo, o livro é bem completo.

    Abraço,

    Alex.

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